Introdução ao problema clínico
O alinhamento dos dentes com aparelho ortodôntico envolve sacrifícios não apenas psicológicos, mas também econômicos. Por isso, uma vez terminado o tratamento, é importante que os resultados perdurem ao longo do tempo, implementando estratégias de prevenção para evitar que os dentes fiquem tortos.
Recaída ortodôntica é a condição em que os dentes tendem a retornar naturalmente ao estado anterior à terapia ortodôntica. As causas desse fenômeno são principalmente três:
1 – os tecidos gengival e periodontal, modificados pelo tratamento ortodôntico, precisam de tempo para se reorganizar após a retirada do aparelho;
2 – os tecidos moles da cavidade oral exercem pressão que leva à recaída;
3 – a boca está sujeita a várias forças musculares que podem movimentar facilmente os dentes após a retirada do aparelho, pois ainda não estão consolidados na nova posição.
Outros fatores que podem contribuir para a recaída ortodôntica são hábitos falhos como bruxismo, onicofagia, respiração oral e levar objetos à boca por meio de alavancagem dos dentes. Para garantir o sucesso a longo prazo da terapia com aparelhos fixos, as próximas etapas são extremamente delicadas e importantes. Em primeiro lugar, a fase de retenção visa manter os dentes em sua posição correta, para tentar estabilizar os tecidos gengival e periodontal e conter a pressão exercida pelos tecidos moles. Sem esse período de manutenção, o tratamento ortodôntico seria potencialmente instável e poderia levar ao retorno à situação original ou a uma nova má oclusão. A contenção é realizada por meio de dispositivos chamados retentores, fixos e móveis, que devem ser usados pelo menos pelo tempo mínimo necessário para a reorganização periodontal (que geralmente é de cerca de um ano). Em segundo lugar, a fase de monitoramento é crucial. O objetivo é avaliar a distribuição das forças oclusais durante o contato dentário com alguns testes de aperto.
Importância da avaliação em problemas clínicos
Investigar as características da musculatura da boca permite identificar o tipo de problema a tempo:
1 – músculos cansados podem levar à redução do estímulo mecânico no osso alveolar;
2 – uma musculatura desequilibrada, causada por hábitos que resultam em maior utilização da musculatura direita ou esquerda e, mais geralmente, pela sobrecarga de áreas dentárias específicas;
3 – músculos hipertônicos, pode levar a dores de cabeça por tensão muscular ou consequências no trato cervical.
A análise neuromuscular torna-se fundamental não só durante o tratamento ortodôntico, mas também nas fases iniciais – triagem e primeira consulta – pois você tem a oportunidade de identificar quaisquer problemas precocemente, e nas fases finais – finalização – permite verificar o estado da oclusão.
Importância da avaliação tecnológica objetiva
Para tanto, são utilizados eletromiógrafos de superfície, também chamados de tecnologias on-invasivas, para registrar a intensidade da contração muscular. Em particular, no setor odontológico é possível utilizar eletromiógrafos sem fio com protocolos de análise normalizados que permitem uma avaliação com índices que podem ser repetidos ao longo do tempo.
Essas tecnologias permitem a execução de dois testes de janela simples com duração de cinco segundos cada. Em um, o paciente é solicitado a apertar dois rolos de algodão entre os dentes, no outro a cerrar os dentes o mais forte possível (contração máxima). Esses testes não têm contra-indicações e podem ser realizados por qualquer pessoa. Ao final desses dois testes, é gerado um relatório mostrando o equilíbrio neuromuscular, analisado por meio de figuras, índices e faixas de referência.
O uso dessas tecnologias tem levado a uma medição objetiva do aspecto funcional da oclusão dentária e, em geral, do sistema mastigatório. Isso permite que os médicos atestem o estado de saúde do paciente antes e depois do tratamento, graças à verificação de dados objetivos, e para prevenir recaídas ou situações que podem degenerar em problemas futuros.